Galdino Lenzi

 

José Galdino Lenzi nasceu em 1924 na cidade de Rio dos Cedros. Filho de pai funcionário público e mãe costureira. Com 14 anos, Lenzi já aprendera o ofício da costura junto a um alfaiate alemão em sua cidade natal. Na década de 1940, mudou-se para Blumenau em busca do aperfeiçoamento prático, onde permaneceu durante três anos, já trabalhando como alfaiate. Com o mesmo objetivo profissional, transferiu-se para São Paulo e empregou-se na alfaiataria Martinez, bastante conceituada neste ramo, por atender a alta sociedade paulista, políticos e milionários. Em Florianópolis no inicio da década de 1950, abriu sua alfaiataria, no primeiro andar do Lux Hotel localizado na Rua Felipe Schmidt, a mais movimentada da cidade. Lenzi destacou-se pelo estilo próprio, modelagem e acabamento dos trajes masculinos, conquistando a alta sociedade catarinense. Pessoas importantes no contexto político e social de Florianópolis contribuíram para a divulgação e ampliação da sua clientela.

 

 

 

 

 

 

Lenzi começou a trabalhar com roupa feminina no final da década de 1950, tendo como grande incentivador seu amigo Zury Machado, que mostrava croquis com modelos criados por José Ronaldo, figurinista da Indústria Têxtil Bangu. Sentia-se fascinado pelos desenhos e interessado em trabalhar com roupas para mulheres. Neste período recebeu em seu atelier uma cliente que vestia um tallieur muito bonito, segundo as palavras de Lenzi, “tecnicamente perfeito”. Admirado com o traje, investigou onde tinha sido confeccionado e ficou sabendo que havia sido em Florianópolis e por um alemão, formado em costura. Interessado em capacitar-se para trabalhar com o vestuário feminino, contactou o alfaiate e com ele aprendeu as técnicas de traçado básico do corpo feminino, medidas individuais, modelagem, adequação dos tecidos, corte, análise do caimento e acabamento da roupa. Aplicou os conhecimentos práticos e bom acabamento dos métodos da alfaiataria no desenvolvimento e montagem das peças femininas. Lenzi foi o primeiro homem que se destacou no cenário catarinense costurando para as mulheres. Com bom gosto para a criação, interpretação dos modelos e dedicação ao trabalho, logo conquistou uma grande clientela.

 

 

 

 

 

Segundo as clientes, as roupas eram diferentes, estruturavam-se nas formas anatômicas do corpo, com caimento preciso nas linhas externas, dando uma aparência de estética clean e estilo próprio. O processo criativo do costureiro foi se aprimorando com as informações que obtinha por meio das revistas importadas, participação nos desfiles, eventos sociais e trabalhos de outros estilistas. Criava modelos elaborados de acordo com o perfil das clientes e suas formas anatômicas aliando tendências e luxo. Em 1970, Lenzi participou do “I Encontro dos Grandes da Alta Costura do Brasil”, em Porto Alegre, evento patrocinado pela Renner. Foram elaborados dez vestidos para o encontro, trabalhados com técnicas de bordados diferenciados e rendas da fabrica Hoepcke. No evento, nove costureiros participaram do desfile: Nazareth, Mary Steigleder, Hugo Rocha, Luciano Baron, Ney Barrocos, Lenzi, Ugo Castelano, Clodovil Hernandez e José Nunes. Em 1997, Lenzi alcançou o maior prêmio de sua carreira – participou da primeira edição do evento “Agulhas da Alta Moda Brasileira” em São Paulo – quando ganhou o prêmio máximo do encontro, o troféu Agulha de Ouro.